Filó: origina-se da palavra grega philos (amigo).

Filó: origina-se da palavra grega philos (amigo).

O objetivo da realização do filó é resgatar e valorizar os costumes, religiosidade, as tradições, enfim, o legado deixado pelos imigrantes italianos no município.  Os imigrantes chegaram e montaram seus acampamentos, desbravaram matos, edificaram casas, oficinas, moinhos, lavraram a terra e dela cultivaram seu alimento. A religiosidade era fundamental, uma marca muito presente na vida das famílias e da comunidade. Cada comunidade construiu sua capela e homenageavam o santo de sua devoção.

O filó é uma tradição que nossos antepassados trouxeram da terra mãe, a velha Itália. No inicio da colonização de Doutor Ricardo era comum ver-se durante a semana os lampiões sendo levados pelas pessoas que iam fazer filó.

O filó era um momento de confraternização, oração, cantoria e partilha oferecida pela família que acolhia as visitas, regado a pinhão, batata doce, amendoim, pipoca e, claro, o bom vinho entre outras comidas. Nesses encontros cantavam, contavam os mais diversos causos e anedotas.

O filó fazia parte do dia-a-dia das famílias italianas. Costumavam reunirem-se à noite na casa dos vizinhos e parentes. A religiosidade estava sempre presente e o início do filó e o momento religioso era feito diante de uma imagem religiosa onde era, especificamente,  rezado o terço com as ladainhas. Após, os homens reuniam-se em um ambiente para jogar cartas, jogar “mora” beber vinho e tratar de assuntos como negócios e a vida cotidiana, geralmente na sala ou no porão.

As mulheres ficavam na cozinha com o mate em torno do fogão falando sobre a família, lida doméstica, culinária, “tricotando”, fazendo a “dressa” (trança de palha) que servia para confeccionar chapéus e a “sporta” (bolsa onde se carregava diversos objetos), além de colocar em dia os assuntos das comadres.

Por vezes, os adultos permaneciam juntos falando da organização da comunidade e a cantoria era comum no encontro. Enquanto isso as crianças brincavam em torno das casas e os jovens já aproveitavam o filó para os primeiros namoriscos.

A solidariedade e a alegria em partilhar tem sido um dos valores culturais da nossa gente. Desde quando alguém ficasse doente, os vizinhos se encarregavam dos mutirões para fazer ou colher a roça. O espírito de partilha era simbolizado pela “galina” que as comadres trocavam e, também, pela partilha dos alimentos que as crianças levavam aos vizinhos (sobretudo quando se matava o porco). Por isso que no filó comunitário municipal, mantendo essas tradições, se pede a colaboração com um prato típico.

O município de Doutor Ricardo, RS, tendo esta base histórica e cultural, vem há anos realizando o filó comunitário, estando na 9ª edição em 2014.

Doutor Ricardo Terra do Filó.

Data de publicação: 15/05/2014